sábado, 28 de abril de 2012

Estar do lado de fora


A rua se aperta à esquerda e se abre pela direita. Por onde seguir? Habituados ao conforto das casas, do casamento, da propriedade, da razão, do hábito e do grupo que nos aceita é difícil saber para que lado pisar. A proteção do muro e a distância do perigo ou a possibilidade de correr o risco e vivenciar novas coisas?

“Na verdade, vossa paixão pelo conforto assassina as paixões mais nobres de vossas almas e, depois, zombeteira, acompanha seu enterro” nos diz Khalil Gibran no seu fabuloso O Profeta. É comum acalmar-se depois de correr pela vida e encontrar paradeiro, uma caverna para se esconder e uma companhia para contar os dias, tão comum que a maioria esmagadora de nós se põe ali e vai gostando, gostando, e acaba ficando para sempre.

Jamais condenaria a calmaria, o silêncio e a paz, mas a vida não é toda assim. Quantas vezes você ou eu nos pegamos pensando ‘puxa vida, todas as vezes em que tudo parece estar bem e calmo, vem a vida e me derruba ou acaba com o que eu construí”? Não é a vida, propriamente, mas nós que buscamos aquilo que damos o nome de ‘problema’ para continuar aprendendo e crescendo. Que seria de uma vida parada, sem coisas para fazer, sem atitudes a tomar? Seria tão somente um esperar a morte.

Escolher estar do lado de fora, correndo os riscos e me pondo a mercê do incerto me põe também à deriva de mim mesmo, daquilo que desconheço de mim. É preciso me colocar diante das coisas da vida para testar-me, a fim de confirmar ou refutar verdades que creio.

3 comentários:

  1. Estou esperando... Por qualquer coisa. Do lado de dentro. Do lado de fora.

    Gostei do que escreveste. Só tem um porém: o eu-lírico.

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  2. A vida não é parada, sabe? Ela tá em constante mudança, cabe a nós escolher essas mudanças para nossa vida.

    http://eppifania.blogspot.com/

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