“Saudade é um pouco como fome. Só passa
quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença
é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na
vida”. (Clarice Lispector)
“É
estranho sentir saudade sem ter tido. Do abraço sonhado, de um sono nunca dormido e nunca acordado, de um vento
que nunca entrou a janela, de um beijo que nunca molhou.”
É um tempo em que os
corpos vivem separados e o corpo também deixou a alma lá nos anos, o que torna
o humano menos humano e, por outro lado, cobra uma humanidade que nos carrega e
nos perde mais. A presença não foi nem será substituída, está apenas ludibriada
por uma série de coisas que criamos e, afoita, aguarda pela hora de voltar e
unir os corpos, os olhos, as peles, os suores, as bocas; aguarda pela troca de
dois em um, pela cumplicidade daqueles olhos que se falam.
Essa ausência da
presença é a causa da fome que sentimos na boca, no peito, no sexo, nos olhos,
nos ouvidos, nas mãos. O ser humano sempre desejou, mas nunca desejou tanto outro
ser humano, porque vivia em bando, depois em comunidade, depois em cidades, até
que o muito se tornou nada.
É insustentável viver sozinho e o contrário não é uma escolha, a vida pode ser e ter tudo se nos servirmos dessa parafernália toda que criamos para nos ausentar menos, de nós e dos outros.
“O Sol que brilhou
hoje no meu olho, deve ter tocado pelo menos o casaco dela.”
Uma coisa é certa, nossa vida seria muito melhor, se acaso não sentíssemos saudades.
ResponderExcluirBeijo meu, se cuida poeta.
Saudade é do que volta, o resto é nostalgia.
ResponderExcluirEsse vazio é aquele criado por nós quando descobertos românticos e ficamos a procurar o que cabe.
Morre-se de fome. Morte dolorosa.
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