sábado, 26 de dezembro de 2015

Declaro encerrada a temporada de engolir sapos

Parece que o cara matou a mulher em Santa Cruz, fugiu do flagrante e, vinte e quatro horas depois, se entregou à polícia em São Sepé. Foi um caso no qual nem a Santa Cecília que dá nome ao condomínio foi capaz de salvá-la. Teve o pescoço envolvido por um varal de roupa até que deixasse de respirar.


Quando a polícia invadiu o apartamento encontrou o corpo rodeado de sapos. Havia sapos por todo o lado. Dizem que alguns até saltaram na panela de feijão da vizinha do apartamento de baixo, mas não posso garantir isso como verdade.


Sapos?, você deve se perguntar. Sim, sapos. Sapos aos montes. O que contam é que os policiais não conseguiram conter os anfíbios, os quais saíram porta afora, desceram as escadas, alguns até elevador parece que usaram, alcançaram o hall do prédio e, sob os gritos das vizinhas, foram tomar o estacionamento do condomínio.

A morte foi fato de jornal, mas omitiram os sapos porque não havia explicação a prestar por parte dos especialistas. Os vizinhos contam que os sapos se espalharam, mas ainda não desapareceram totalmente da área. Volta e meia a pessoa está a nadar na piscina, mergulha e dá de cara com um sapinho: verdinho, cascudinho, os olhos esbugalhados.


Os munícipes ficaram chocados com o fato, fizeram cara de repugnância, mas ninguém se revoltou. O marido foi preso, parece, e deve ficar na cadeia já que não tem parentes influentes nem consta que seja político, doleiro ou diretor de qualquer coisa. Mas e os sapos?

Diz uma vizinha taróloga que a moça era caixa de supermercado e por conta disso engolia, como se diz, muitos sapos dos clientes. Aquelas coisas “com quem você pensa que está falando?”, “como é que é, você não quer me deixar levar este sabão emprestado?” e outras mais. Sendo assim, depois de morta, os sapos engolidos devem ter escapado pela boca aberta e fugido.

Essa história de assassinato com varal e sapos engolidos e regurgitados me lembra do namorado de um amigo que acordava no meio da noite e, meio sonâmbulo, meio possuído, ia para a cozinha, pegava facas, conversava com a parede, e o pior, o cara era açougueiro! Ai, que medo. Por essas e outras que simpatizo com aqueles porões construídos em locais onde há terremotos. Ai, que medo!

Agora, uma coisa com a qual não me preocupo é com os sapos. Caso eu seja morto e fique lá, jogado, a boca aberta, é certo que nenhum sapinho pulará e ficará a assombrar o condomínio. Tem anos que decretei encerrada a temporada de engolir sapos. Aqui não, meu bem!

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