quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Crônica do réveillon antecipado

Sabe as filas? Lá fui eu encarar mais uma e colher histórias, se bem que agora, passado o natal, o frenesi é menor. No entanto, as histórias estão ficando cada vez melhores e o comércio é um dos melhores lugares para ouvi-las.

Lá estou, respirando profundamente, eis que atrás de mim estaciona uma senhora com seu carrinho de compras e mais dois panetones equilibrados no antebraço. Em seguida chega uma amiga dela e também estaciona. Oba, vamos ter piquenique, eu penso. Não, parece que não, a última está pê da vida porque não tinha a uva que ela queria.

Mas logo a primeira começa a contar o quanto anda distraída, ligou para a prima dois dias depois do aniversário, perdeu o prazo para retirar a encomenda de figos para o natal e “ai, coisa triste, viu!”. Que tanto ritual, hein? É decoração, flor de natal, panetone, figo, o pobre-coitado-inocente do peru (luto), espumante, lentilha, uva, romã... gente, é festa ou despacho?!

Para consolar a primeira, diz a segunda: “Que nada, mulher, pior fui eu no ano passado. Os guris foram pra praia no natal e eu fiquei sozinha, né? Aí, dia de ano novo me preparei toda, botei panetone, mandei mensagem pelo celular, fiz a lentilha... quando vou fazer a contagem regressiva: 3, 2, 1... ué, cadê os foguetes? Menina, ainda era dia 30 e eu já queria comemorar, acredita?!”.


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