segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Aceita um mate?

Que a própria matéria da ficção seja a realidade, e, quiçá, vice-versa! Eis por que se trata hoje de chimarrão: simplesmente porque este autor (canalha!) tem de escrever e percebe que os assuntos lhe fugiram, sobrou só a cuia de mate recém cevada. Talvez sejam as férias, ou a chuva, ou os pedreiros que ouvem Morango do Nordeste!

Será que o leitor aceita um mate?

Sorvi o primeiro gole de chimarrão pelos cinco ou seis anos, eu acho. Em casa de meu avô se mateava antes do café da manhã, antes do almoço, após a sesta e antes do jantar. Gastava-se mais erva do que farinha!

É costume no Rio Grande do Sul se reunir em torno do chimarrão. Chama-se a roda de mate. A mim, sempre mais interessado na conversa dos mais velhos do que na brincadeira com as crianças, não havia desejo maior do que ser aceito naquele círculo. Criança é bicho bobo mesmo! Qual a graça daquele troço amargo? Ora, ser aceito, é claro. A mágica de me sentir integrado ao mundo dos adultos.

Atualmente não posso dizer que sou viciado. Bebo poucos, lá de vez em quando, e prefiro os mornos e lavados. Posso até imaginar a expressão de repúdio dos mais tradicionalistas ao lerem isso. No entanto, volta e meia cabe um mate solito para refletir e se concentrar. Parece que clareia as ideias, limpa este espaço poluído no qual nos amontoamos nas cidades e me devolve à contemplação do pampa infinito. Sou capaz de sentir o frio, ver a névoa, cheirar a umidade. Ah, meu pampa, pampa meu!

Bem, saudosismo à parte, talvez alguém não saiba do que trato. O chimarrão, ou mate, é a bebida típica do Rio Grande. Usa-se uma cuia feita de porongo, onde se coloca erva-mate seca e moída e água quente. Depois se insere uma espécie de canudo a que chamamos de bomba, de preferência de prata (mentira!). Grosseiramente, é um chá de erva-mate. Tem quem ache nojento o fato de se passar a cuia de mão em mão e todos beberem na mesma bomba.


Porém, tem que se experimentar. Outro dia mesmo ensinei a um amigo mineiro, radicado em São Paulo, como preparar o seu mate. Os gaúchos moradores de outras praças importam a sua erva, mas quando se trata de importação no sentido literal, meu amigo, aí se vire para explicar na alfândega o que é aquela ervinha!

Também há variantes do chimarrão. Pode-se acrescentar açúcar e beber um mate-doce, leite e açúcar para apreciar um mate-de-leite e não podemos nos esquecer do tererê, obtido através do mesmo processo que mencionei acima, porém se substitui a água quente por água fria. Agora pasmem: em Mato Grosso até refrigerante de limão vai para o tererê! E claro, o famoso chá-mate, consumido gelado.

Variações à parte, recomendo a todos que experimentem o chimarrão, é uma bebida energética e digestiva. Além disso, a água morna é muito benéfica, os asiáticos que o digam.

Para os interessados, aqui vai um link com estatísticas da erva-mate no Brasil: http://bit.ly/1S5opzY.

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