Dia Nacional da Poesia - 31 de outubro
Hoje é dia de mostrar dois poemas que estão no segundo livro da série poética, Carménère. Ele foi compartilhado com vocês em setembro deste ano e agora pode ser adquirido em formato digital na loja aqui do blog.
Jornada parisiense
a forma que eu formo
não cabe em nada
nasce do fim dos dias
e promete matar agonias
deita no colo dos homens
bebe o vinho com fome
passeia sem pressa na avenida
e cai à rua, risonha, perdida.
“não nos interessa” o coletivo
mas sim a coleção
os tantos dias, um não
as horas paradas, um sim
quem sabe um talharim
“não nos cabe o cheiro”
não importa o beijo
só uma nota e o vinho.
saímos pela memória
compomos a escória
voltamos no outro dia
e comemos qualquer estória
que aos sentidos nos caia
Luísa, Ana Carolina
um Abraão ou Carlota Joaquina
Rúbia, a travesti de Amsterdã.
travestimos nosso mundo
com a colher de ouro
que de Samir emprestamos
de azul ou verde colorimos
da face o rosto fundo
ao lado do homem louro
somos quatro ou cinco
eu o único cínico!
descemos a avenida, fila indiana,
Simone, Carlos, Roberta, César e eu
nem paramos o trânsito
seguimos a única luz cotidiana
de todo lar à hora do breu
fomos ao sexo tântrico
mulheres e homens desordenados
todos, sem exceção, calados.
cansa o passo rápido do relógio
e alcança nossa sede patológica
paramos e propomos um negócio
a mulher reclama a cena caótica
cena? mas a gente nem é ator
ela nos põe à rua, “por favor”
“oui, madame”, nós vamos,
mas o seu coração levamos!
Viver só
Em todo lugar o desejo é o mesmo:
uma dose de amor.
A gente escreve porque sonha a esmo:
viver só é um horror!
Desenha e recria mundos no mesmo fundo:
a parede da memória.
Não somos água nem fogo:
quiçá o sopro do menino!
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