A tristeza do fim.
O fim sempre leva muitas coisas. As malas fechadas, a despedida, o Sol que se põe, a luz que se apaga. Cada um que parte deixa um pedaço do sorriso e um pouco do sonho, deixa denso no ar um cheiro, um desejo, uma incompletude, porque nunca vamos inteiros. O que sente a saudade é o que partiu, pois o que ficou vai se evaporando com o tempo, sendo varrido com os vassoirões, se diluindo na brisa que passa e nos carrega para longe. Talvez reencontremos a nós mesmos em algum lugar. Ou nunca, e viva, essa parte nossa, suspensa para sempre. Ou, talvez, nos completemos cada um na saudade que deixamos no outro, nos incorporemos carne minha e carne de alguém, mesmo que eu não conheça, só para seguir vivendo até o próximo encontro.
A última mala se fecha. As caixas e tudo mais já foram guardadas, restamos apenas nós que um pé depois do outro, ou batendo asas, alçamos voo e vemos lá do alto o pó que sobra e uma lágrima escorre dos rostos de cada um e pinga no pó e o pó se evapora e não sobra mais nada. O fim, em verdade, nos arrebenta, ele nos estraçalha a alma e como se não bastasse isso, ainda há de se abraçar aquele que se ama e vê-lo, por fim, partir.
É novembro e parte de mim se espalha pelo mundo. É um olhar, uma anatomia, um querer, um ser, um rosto doce. É parte do que eu era e vivo agora em algum lugar longe do que sobrou de mim.
A todo um ritual e peso em volta do fim. Mas ele é sempre nossa única certeza e todos devemos admitir a importância de um ponto final.
ResponderExcluirDanilo, em breve vem outro texto sobre o fim, tentando ver se há um lado positivo.
ResponderExcluirNada é para sempre.
ResponderExcluirO fim, as vezes, é uma chance de recomeçar...
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