sábado, 30 de janeiro de 2016

Dúvida disfarçada de Paz

Este texto é parte do livro Viver e ajudar a Viver (2014). Compre aqui.


A paz genuína é aquela que lhe deixa sereno no meio da guerra. Do contrário, se você perde o controle das situações logo na primeira dificuldade, não era paz aquilo que você sentia, mas dúvida. Dúvida disfarçada de paz.

Nós vivemos em um mundo cheio de estímulo e cobrança de resultado, o que tem nos exposto a um nível absurdo de stress sem que saibamos ou conheçamos ferramentas capazes de nos permitir reagir a isso. Toda essa demanda nos coloca dúvidas sobre absolutamente tudo. Desde as básicas “quem somos?” e “para onde vamos?” até sobre a nossa aparência, nossos sonhos, nossas relações. Chega um momento em que nem mais os nossos sonhos nós sabemos se são verdadeiros. E esse é o momento em que a dúvida generalizada se instala e nos amassa contra nós mesmos ou contra o chão.

Nada muda objetivamente. Seguimos fazendo sempre as mesmas coisas, com a mesma cara (ou máscara), indo aos mesmos lugares, cumprindo os compromissos e até assumindo outros mais na tentativa de escapar do círculo vicioso da dúvida. Aparentemente, somos os mesmos. Mas subjetivamente, por dentro, estamos nos decompondo (muitas vezes também sem perceber, porque o nosso espelho só retrata o objetivo), estamos perdendo camadas e mais camadas de vida na desgastante tarefa de nos sustentar em pé.

Muitos gurus e livros, sites e espaços alternativos estão à disposição para nos ajudar e todos eles são importantes e feitos com carinho e verdade, mas: se o desgaste é interno, qual a efetividade desse tipo de ajuda?

Não sabemos o que vai nos ajudar sem que experimentemos muitas coisas, mas, se me permitem, nada é de efeito mais rápido e contundente do que o remédio interno. A desordem que a dúvida causa foi gerada dentro de cada um de nós, então nada mais adequado que nós mesmos, em profunda reflexão e observação do eu, encontremos a causa primeira do problema e tentemos resolver, amenizar, extirpar.

Os gurus, os livros, as práticas e tudo o mais são imensamente úteis pelo aspecto de que podem nos despertar para inúmeras verdades e conexões que não conhecemos, perdemos ou nos esquecemos. Mas nada irá substituir o seu olhar sobre si mesmo.

A meditação, a oração, a contemplação nada mais são, em primeira ordem, do que “ficar dentro de si”. E a partir delas é que damos o salto de compreensão das verdades universais. Também é imensamente útil o estudo e o aprendizado problematizado de inúmeras teorias e o constante avaliar e questionar dessas mesmas teorias em alinhamento com a vida e com os seres, porque somos mutáveis e mutável deve ser tudo!

Portanto, sempre que a paz na qual acreditamos nos “abandonar”, vamos parar e examiná-la. E também a nós e àquilo que enxergamos como problema, assim como às causas e às soluções. Existem muitas ferramentas para isso, basta que aceitemos a vida como um caminho e nos ponhamos a aprender com tudo e em todos os momentos.

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