segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O problema da obra é... a obra!

Não sei você, mas eu detesto obras. A obra é agressiva, barulhenta e invasiva, seja qual for a natureza. Experimente reformar o banheiro e toda a casa ficará repleta de poeira e barulho, isso sem contar a alteração do ritmo doméstico. Primeiro você terá de se adequar à disponibilidade do pedreiro, que, hoje em dia, se tornou o novo pop star! Depois gastar duas ou três vezes mais do que o previsto. Também esqueça as suas horas de sono matinal, porque obra boa é aquela que começa de madrugada, antes das oito da manhã. Aliás, por que diabos a obra não pode começar às duas da tarde?

Seguindo a lista dos prazeres, prepare-se para ter o chão, as paredes e as janelas, a cama e as toalhas, os livros e até o pet tomado de poeira. Não adianta cobrir os móveis, a poeira sempre irá lhe vencer! E falando em pet, por que gatos e cães não vão à escola enquanto se está em obra, hein?! Sobre os seus ouvidos, decepe as orelhas e aplique um curativo duplo feito de lona de caminhão.

Bem, você deve estar pensando que o autor está surtado assim porque tem obra em casa. Não, a minha eu venho adiando há pelo menos dois anos. Quem tem obra em andamento é todo o resto da cidade. Nunca vi cidade para ter obra como Santa Cruz. Parece que se inventa qualquer calçada para destruir e reconstruir só para passar o tempo. “Estamos em obras para melhor atendê-lo. Desculpe o transtorno”. Não desculpo. E, além disso, como vai a senhora sua mãe?


Para que vocês não me apedrejem, explico. O terreno dos fundos do meu apartamento teve o mato totalmente devastado, com a devida “licença ambiental”, obviamente, e há mais de um ano que eu acordo todos os dias com máquinas fedorentas dentro da cozinha (consulte o texto Falos estéreis, em Xilema). Gente, não há yoga e meditação que dê conta, não! O terreno em frente foi devastado pela metade e a obra também se arrasta pelos meses. Mais à frente, outro canteiro barulhento e imundo invade a calçada e mais meia-pista com areia, tijolos e entulhos, parece fundamento da arquitetura!

O que houve com as casas bem construídas do século dezenove? As moradias atuais são caixas de sapato. E a propósito, os responsáveis não têm ideia do que estão a fazer, é um desperdício sem fim por conta dos repetidos erros. Isso sem nem entrar no quesito preço!

Mas, ciente de que ainda estamos distantes de pensamentos mais sustentáveis para as moradias e de que, obviamente, a preocupação dos envolvidos é o lucro e não a sustentabilidade e o meio ambiente, proponho sem cerimônia: do jeito que está não dá, voltamos para o campo ou precisaremos urgentemente de um programa nacional de controle da natalidade!

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