terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Crônica para quê?

#croniquei
Escrever crônicas para quê?, me pergunta um colega. Os jornais, primeiro lugar desse gênero, não têm mais espaço para tal, diz ele. E completa: é só sangue e corrupção.


Ora, meu amigo, primeiro deixe afirmar que a maioria do que se produz em uma época, informação ou arte, reflete o pensamento vigente, ou seja, se o belo dá lugar ao feio, não lhe parece haver relação com o que estamos pensando e fazendo no mundo? Depois, talvez nunca na história deste país se tenha investigado e prendido tanto corrupto de colarinho branco quanto agora. As notícias dão conta de algo inédito que precisa ser registrado e informado.

Sobre o espaço é que eu concordo com o senhor. Onde estão as novelas publicadas em capítulos em jornais e revistas? Por que a crônica e o conto foram entregues a uma meia-dúzia de autores? Para onde foram os anúncios bem escritos como aquele de João Alves? Nunca tivemos tantos jornais, com tanta extensão e, comparativamente, tão pouco espaço para a literatura.


Agora, sobre para que escrever crônicas: é uma forma de deixar a voz sair. Cronicar é um modo de dizer o mundo a partir dos meus olhos de autor quase recluso e interiorano. Pela agilidade e temporalidade, a crônica retrata o presente quase que instantaneamente. Escrevo, publico e o leitor lê.

E meu amigo, não se preocupe tanto com a questão do espaço. O meu blog, onde publico as crônicas e a maioria do material que tenho produzido, tem recebido visita de pessoas que eu nunca imaginaria a ler os meus textos! No jornal, na revista ou internet, em livro ou faladas, crônicas servem para tratar dos assuntos de forma mais leve. Crônicas são cartas públicas, endereçadas ao leitor/protagonista de hoje.




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