quinta-feira, 17 de abril de 2014

Não sair do caminho

Eu levei quase trinta anos para encontrar o caminho e tenho que reencontrá-lo todos os dias. E não é que não haja certeza. Há plena certeza, mas há desvios, muitos desvios. O ego volta e meia me vence e eu acabo por escolher caminhos paralelos ao verdadeiro caminho que estou a trilhar. E invento as melhores e mais poéticas justificativas. Justificativas para o espelho, porque internamente a gente sempre sabe quando está pisando na terra ou quando sob os nossos pés há lama ou areia movediça, caminho disfarçado com tapetes. A gente sente no íntimo quando o caminho é o errado.

Andamos. Tentamos. Caímos. Sofremos, porque, afinal, estamos crentes de que desejamos aquilo. Imaginamos que as pessoas estão nos boicotando e tentamos compreender o que há de errado, quando na verdade o que há é a nossa escolha errada.

E muitas vezes a gente se dá conta do erro, cai fora e logo ali na frente volta a entrar no desvio de novo. Assim como emagrecer e engordar não é benéfico, esse entra e sai da rota também não é. Perde-se tempo e desgasta-se. É preciso identificar onde e por que o ego nos força a engoli-lo. Temos que observar a situação de fora e sermos capazes de identificar com antecedência o exato momento em que dizemos sim a nós mesmos. Esse é um momento anterior ao sim que verbalizamos ou à ação que tomamos.

Identificando o momento e o motivo pelo qual aceitamos a imposição do ego e iniciamos a jornada pelo desvio, acredito que seremos capazes de dizer não sem medo. Não nos deixaremos convencer ou seduzir pela aparente beleza do caminho.

4 comentários: