terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

sem título

Windmill - Kai Illert

Um fio costura o pedaço da pele que se rasgou e a ferida, mexida, arde e verte uma gotinha de sangue. É ínfimo o incômodo, mas entre alegrias e risos não deixa de lembrar a dor.

E incompreende, sonolento, o fio que volta a se esticar e tensionar dentro da ferida.

É uma chuva que se anuncia e não vem ou um vento que canta e não se mostra. Pássaros limpam a poeira com suas asas pretas amparados pelo mesmo vento que canta e não chega, vive sustentando ali os homens e os pássaros nesse socorrer e ferir que só viver explica (a vida não é capaz).

A chuva quando desce entra pelo nariz, com querer ou sem licença. Entra no corpo parado no meio do campo. Os olhos bêbados no raio circular que chuta as nuvens inflamadas sobre a montanha torta.

Cansados de assistir àquilo os pássaros o levantam, o corpo, e carregam para fora dali. Cuidadosos, o vão deslizando nas penas gotejadas da chuva até encontrarem o moinho numa queda da paisagem e o deixam ali, amarrado às pás, brincando de voar com o vento (que ainda sopra).

Um comentário: