sexta-feira, 1 de julho de 2011

Começar a escrever


Ferir o papel.
Que coragem precisa até alcançar o alvo papel e sangrá-lo sem piedade!

É uma agressão, é um arrombamento. Ferir o papel e penetrar-lhe às entranhas, sem carinho ou licença.
Em geral flerto com ele dias e dias. Os nossos olhos se passando na pele um do outro, ele trêmulo e eu ávido por tocá-lo. E o flerte torna-se toque; o cheiro dele, então, dança uma valsa nos meus sentidos. Até que, excitado, eu lhe abra as pernas, lhe lamba os lábios e o penetre de uma só vez apertando-lhe a carne.

Ferir o papel.
Que amor precisa para fazer-lhe gente!

Eu sangro junto com o sangue do papel, e a cama se encharca, e nós nos abraçamos úmidos de sangue e o cheiro adocicado nos dilata as fibras nos fazendo maiores, e nisso nos perdemos no tempo e na verdade.

Ferir o papel.
Que alegria há no gozo de vê-lo aberto, e meu!

5 comentários:

  1. Sexo explícito!!! HAHAHA
    É bem por aí mesmo. E quando fazemos uma abordagem direta sem nem perguntar seu nome antes? Fiz isso hoje... precisa descarregar... e nem perguntei se ele queria me ouvir, fui logo jogando minhas dores sobre ele.
    Parabéns pelo texto! Gostei muito da metáfora. Um verdadeiro conto erótico! rsrs
    Abraço!!

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  2. ferir o papel. É exatamente assim. E, algumas vezes, um ato de auto-punição.

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  3. Um dos textos mais nus e crus pelos quais já me apaixonei. Parabéns, você realmente escreve muito bem, sua narrativa é empolgante e viciante, quanto mais leio, mais tenho vontade de ler.

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  4. Oh kal, querida, obrigado!
    Siga sempre. Um abraço.

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