quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dia do Leitor 2011

Meus queridos leitores e leitoras, em comemoração ao Dia do Leitor, resolvi criar um post mais interativo com vocês. Tive várias ideias e fiquei com a seguinte:
Convido-os a escrevermos, juntos, um conto, sem limite de tamanho. Vou dar um cabeçalho aqui e, a partir disso, vamos escrevendo nos comentários. Vamos ver no que dá. Boas escritas a todos.
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Falam as vizinhas que é preciso aprender a ser feliz sozinho. Ela partiu num dia de julho levando malas, o carro, o cachorro e sua chave do apartamento. Volto um outro dia pra buscar o resto das coisas, disse. Eu esperei. Veio, já em agosto, quase setembro, um baú da empresa de mudança e levou algumas caixas, o computador dela, os livros de antropologia e o gato de madeira que ela mantinha no canto da biblioteca, presente da avó dela, a russa. Perguntei dela, mas eles não sabiam. Claro, idiotice minha, mas o amor é assim mesmo. Eu ainda a amo.
No dia seguinte eu liguei e ela não atendeu. Chamei, então, no telefone celular. Um... dois... três toques. Alô.
- Alô. É... oi, Bruna. Oi.
- Oi Renato, tudo bem? _ ela falou me parecendo apressada.
- Você disse que vinha apanhar suas coisas, e não veio. Está tudo bem com você?
- Ah, está sim, eu estou sem tempo na verdade. As aulas estão me tomando quase o dia inteiro, e à noite tem o Bob, os livros, a casa e... tem tudo, você sabe.
Tem tudo, é, eu sei, ela deve estar com outro. Deve ser mesmo o Paulo, do escritório, que sempre deu em cima dela nas festas aqui em casa. Canalha, pensei.
Falei mais algumas besteiras e desliguei. Fiquei me lamentando pela bobagem que tinha feito, não devia ter ligado. Bruna é o tipo de mulher...

2 comentários:

  1. "Bruna é o tipo de mulher... "
    Que gosta de comentar com as amigas, que nunca gostei, tudo... Sobre sua vida. E eu já começo a imaginar o comentário sobre minha ligação. Diria ela, o quanto sou babaca em ficar esperando ela ir buscar as coisas. Comentaria, que trocaria o número do telefone para eu não ligar mais.
    Pronto, assinei a condenação de idiota do ano e eu nem fui ao supermercado comprar o jantar... É, hoje nem saí de casa. Por sinal faz tempo que não saio de casa e não vejo pessoas diferentes, essa desculpa de que "te amo, Bruna" já passou do limites.
    Mas eu não acredito que o pessoal da empresa de mudanças esqueceu do livro...

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  2. ...é algum truque, provocação, devia jogá-lo ao fogo, mas ele me encara todas as noites. São palavras que para falar nem me recordo se li. Ela me deu te presente em algum aniversário e devo ter feito cara da pessoa mais feliz do mundo, embora o livro tenha ficado as traças. Hoje me traí, tirei-o da caixa e abri a primeira página, para descobrir outra traição. A dedicatória era minha para ela, revisitei o sentimento sem sucesso, e agora de volta a minha lucidez, procurei pelo poema que acreditava dizer sobre nós. Achei uma página rasgada, a última mesquinhidade dela, agora sem nome, agora marca e infelizmente memória.

    A madrugada chegou...

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