Namorada
*Ruy Mendes
Para ser namorada é preciso ser livre,
cúmplice,
tarada por ele, como ele por você.
Precisa sentir saudade do futuro, do
vir á ser.
Ter trejeitos pequenos e imensos
que embebam meu coração
em
poemas, tesão e lágrimas de alegria.
São raras as pretendentes e
poucas foram as gurias.
O perfil é mais ou menos o mesmo:
Princesa,
patrícia, elegante, com cérebro,
voz calma e feminina, enfim,
mulher com
jeito de menina,
que combina e vai e faz, que peça.
Que goste
de amor com sexo e vice-versa.
Que tenha a vaidade simples e
soluções
imediatas,
inatas de amor.
Que surpreenda sem tanto ego.
Que não
me prefira cego,
surdo e mudo para seus segredos.
Que dê presentes e
receba os
seus com carinho sincero,
que faça as coisas com esmero,
singularidade feminina e devoção.
Não minta e lide bem com as
mentiras
sinceras do mundo. Que alimente no peito, a dor e
os defeitos,
na doce e vã esperança
de mudança do cão,
que se arrasta atrás dos rabos
de cadelas e gatinhas,
inevitavelmente galinhas,
que competem sem
saber.
Ai das filhas que um dia teria.
Ai das mães.
Ai das
monjas e namoradas
que guardam ciladas para a solidão.
Nesse mistério de
atenção esperança
e troca. Lágrimas, orgasmos, yoga.
Ginásticas
da alma,
provações da calma,
que vibra e suspira
entre dois corações.
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