Gabriela foi embora e me deixa com a mesma sensação de sempre: somos
o mesmo país retratado por Jorge Amado, contudo as máscaras agora são véus, as
mulheres acreditam que são respeitadas porque usam calças, votam, pensam que
escolhem, os pobres acreditam que tem voz porque lhes fazem crer que escolhem,
enquanto no fundo, tudo é o mesmo, um grupo que manda e uma maioria que
obedece.
Quando obras como as de Jorge, com
profundo estudo da realidade social, são revividas se pode observar se, de
fato, houve mudança. E, assim como na primeira versão, esta também chocou e
mostrou que a falsa moral, o pré-conceito, o poder, a politicagem e a opressão
continuam imperando sobre a liberdade e a alegria de viver.
Embora alguns irão dizer que eu
estou sendo alarmante e que houve muitas mudanças, ainda somos os mesmos
hipócritas que transam escondidos e mascaram os desejos. Gabriela causa o mesmo espanto que causou quando da publicação,
porque somos todos açoitados pela moral imposta pela igreja e contidos pelo
poder que conhece, e bem, a força do sexo e da vitalidade.
Já sendo pessimista, estamos longe
de uma verdadeira revolução (se houvesse ditadura eu seria preso só por usar
esta palavra) de costumes. O que muda, a meu ver, muda de forma torta, comprada
ou imposta.
A genialidade de escritores como Jorge
Amado e tantos outros está em produzir uma obra que retrate características
sociais que, com o passar do tempo, sofrem pequeníssimas e pontuais alterações,
isto é, se você olhar Gabriela no
todo é evidente que mudanças ocorreram, mas, se, ao contrário, analisar especificidades
verá que eu tenho razão.
Somos uma sociedade que se choca, mas não reage.
ResponderExcluirDan, acredito que tenha razão, mas a humanidade é cega e este povo, tão rico, não aprendeu a ver.
ResponderExcluirFalando agora, aqui entre nós, Danilo e Dulce, eu achei muito curioso porque não imaginava que neste momento, a novela chocasse como ocorreu na primeira versão. E inclusive, os jovens. É incrível!
ResponderExcluirCom o passar do tempo, o que muda é o foco e o ponto-de-vista dado às realidades. O quadro é o mesmo, só a moldura muda.
ResponderExcluirBeijos!